TRECHOS INVOLUÍDOS DE POEMAS FUTURAMENTE ESQUECIDOS - II
I. A ARMA DISPARADA AO AR...
...E a poesia que me escapa
como uma bala.
II. AI, AI, AI
Versar às vezes dói
Feito um dedo enfiado
Na máquina de moer carne
(Dito e escrito, mais imagino,
e a dor aumenta)
III. MUSEU DE CERA
Das estátuas esculpidas em cera
A poesia que entranha
Às dobras daquela pele...
Eis, então, a realidade ferve,
Se encanta, se derrete,
Se move, se comove e se perde...
IV. SE EU MORRER?
Por ela fibrila, tardio
Um coração infartado
Na artéria da eternidade
V. MINHAS EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS:
FIM-DE-LINHA
Def.:
Quando nem a loucura é mais possível.
VI. DITADO MODERNO DO BOM JAPONÊS
A vida, diante à duração da morte é como a luz d’ um flash.
Ao menos a gente saia bem na foto.
VII. MORTE EM VIDA
Pensar sobre a morte
Pode ser um exercício vivificante
VIII. DIZ-QUE-DIZ-QUE
Aos que dizem que meus escritos dizem nada:
e quando foi que eu disse
que eu queria dizer alguma coisa?
IX. CASA DE ESPELHOS
O futuro é tão ignoto
Quanto um espelho
Contra-imagem de outro
X. NEM TODA CARETA É FEIA
Fazia força descomunal para ser mau.
Traía-se pelo doce sorriso bem à esquina da boca...