DESENCANTO
Eu vi o azul denso
sumindo, misturando-se
À imensidão do mar
Eu vi um raio de luz
Cortar o ventre do escuro
Num átimo do meu piscar
Eu vi o silencio se espalhando
Como suas ondas mortas
Sem que se possa vê-las, pulsando no ar
Eu vi a bolha da vida
Flutuando no meu desalento
Prontas para estourar
Eu vi um ser despido de sonhos
Como um animal indefeso
Incapaz de se dar
Eu vi os homens se escondendo
Dentro de si
Com medo de amar
Eu vi o mundo cada vez mais infeliz
Nas teias dilaceradas
Do meu olhar!