DESENCANTO

Eu vi o azul denso

sumindo, misturando-se

À imensidão do mar

Eu vi um raio de luz

Cortar o ventre do escuro

Num átimo do meu piscar

Eu vi o silencio se espalhando

Como suas ondas mortas

Sem que se possa vê-las, pulsando no ar

Eu vi a bolha da vida

Flutuando no meu desalento

Prontas para estourar

Eu vi um ser despido de sonhos

Como um animal indefeso

Incapaz de se dar

Eu vi os homens se escondendo

Dentro de si

Com medo de amar

Eu vi o mundo cada vez mais infeliz

Nas teias dilaceradas

Do meu olhar!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 19/11/2011
Reeditado em 21/03/2016
Código do texto: T3344708
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