Meu Rio nasce na foz de um poema...
Falo de um Rio
que se perdeu,
um Rio que em mim
repousa e ferve;
Que vive, corre e queima
abaixo das camadas
da epiderme.
Que submerso,
esconde mágoas
e segredos,
ardências e medos;
Densas dores
de desejos,
que se dissolvem em sangue,
que se dissolvem em pedra.
Um Rio,
que abrindo em mim
se fecha,
cavando arestas e
afluentes de mucosas;
Percorrendo veias
por correntezas viscerais expostas.
Falo desse Rio
que nasce na
foz de um verso,
poema triste
que me entristece.
Porque não me escreve sorrindo,
o Rio que me adormece?