TRECHOS INVOLUÍDOS DE POEMAS FUTURAMENTE ESQUECIDOS
I. POESIA A PESO DE PENA
Sinto tanta coisa em tão parco espaço de tempo...
Sou plenamente consciente do fluxo de emoções que me assola.
Sou maravilhosamente incapaz de transmiti-las usando palavras.
Capaz disso eu fosse, dizer poesia não seria coisa que valha.
II. "QUEM ME ENSINOU A NADAR
FOI, MARINHEIRO, FOI OS PEIXINHOS DO MAR..."
Nada mais limitado e seguro que um peixinho no aquário. Nada mais liberto e perigoso que um cardume no mar. Todo o risco deste mundo está em se viver o coletivo. Todo o seu sabor também.
III. BRASIL, O PAÍS DO FUTEBOL
Afinal, que diabos nós poderíamos esperar de bom de um maldito burguês que joga golfe?
IV. PRIMEIRO TEMPO
Não acredito na existência efetiva do tempo desacompanhado de um relógio em funcionamento.
V. SABOROSO AMARGOR
Meus textos têm saído amargos como aquela verdura, como se chama mesmo? Espinafre? Mostarda? Chicória? Essas estão de bom tamanho para explicar-me o momento. Não é que, apesar do amargor, estou sempre a comê-las e apreciá-las?
VI. E NA PROCISSÃO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO...
Nos dias de hoje, em plena cidade grande, ouvir o ranger malemolente das rodas dos carros de boi é, mais ou menos, como o retorno de Tarzan a Londres vitoriana.
VII. TONTURA ASTRONÔMICA
carrocéis
de uniVersoS
corrupiam
o meu chão
VIII. SEGUNDO TEMPO
tempo
praga morrinha
a carcomer
o capim-flechinha
do meu pasto
até sobrar
NADINHA
IX. GUERRA METAFÍSICA
Brigam matéria e antimatéria
Por uma fartura farta de miséria
X. ESCONDE-ESCONDE
E a alma que eu tanto buscava
Ainda brinca de esconde-esconde
Alma danada...
Enfurnou-se aonde?