QUEM SABE...?

Em algum futuro flutuante,
Eu errando - buscando o instante,
Quem sabe ao fim encontre,
Um novo horizonte,
Algo que eu mereça,
Além dessa vida avessa,
Que hoje me emoldura,
Me leva quase à loucura,
Quem sabe eu amanheça,
Como diz a canção - tocando em frente,
A alma se encante, plante,
Transcendentes palavras,
A vastidão se abra,
E o amor corra pelas vertentes,
Quem sabe o que o olhar deseja,
Esteja por aí... na atmosfera,
Sobre as flores transparentes,
Como um colibri que voeja,
Numa sempiterna primavera,
Uma era cativante,
Quem sabe isso ultrapasse,
O delírio do eu poeta,
O tremor das mãos, o rubor da face,
Essa paisagem concreta,
E haja um perfeito enlace,
Um encontro magnífico,
Entre o físico e o metafísico.


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REVOADA

Imprevisível, impossível
desvendar o que há à frente
em nosso futuro escondido,
surpreso, desprevenido,
flores, bolhas transparentes,
que esvoaçam, se esgarçam,
escorrem pelas vertentes.
Bem quisera eu saber,
pra poder te responder,
alegrar a tua face
e iluminá-la de luz,
como quando o dia nasce
e o brilho do sol nos seduz.
Sou um colibri que voa
sobre a amplidão da lagoa,
tão pequeno, indefeso,
que se diria estar preso
em seu próprio ser, diminuto.
Ao longe, porém, já escuto
o revoar de outras aves
num sussurro inexplicável,
é melodia suave
que a Terra inteira deleita:
poesia, a mais perfeita.


(HLuna)