Delírios
O delírio nosso de cada dia nos dai hoje;
a morte nossa de cada dia,
cada dia que se vai e leva consigo nossas vidas...
Ao passo que caminhamos mais um minuto
o mesmo minuto nos é guardado para a posteridade.
Nunca tal mistério mostrou-se tão repugnante e atrativo,
uma repulsa convidativa que nos faz querer dançar por abismos,
embriagar-se dos amores e das dores
que sempre tornam náufragos da vida os nossos "próximos".
Beber do cálice da vida é também caminhar para os braços da morte.
Não obstante os prazeres do vinho,
a disforia violentamente arrebata o coração humano;
a veisalgia que nos mata e ressuscita o espírito sempre mais uma vez
para o delírio nosso de cada dia...