Horizonte, além do horizonte

O Rei falou d'um lugar belo, além do horizonte,

ele falou, deve estar certo; me pus a caminhar,

Cruzei campinas, pântanos, vales, e montes,

E quando cheguei, o horizonte não estava lá...

Tinha avançado uns dez, ou, vinte kilômetros,

Mas, por “Eldorado” achei que valia persistir,

Cruzei aduanas, barreiras, soprei bafômetros,

Se lá tem o que quero, com certeza devo ir...

Como quem busca o pote no fim do arco-íris,

Retomei a marcha, para o sonhado recanto,

Chegando ao ponto marcado me vi no pires,

e a coisa, qual miragem, andara outro tanto.

Já no Uruguai, deparei com Eduardo Galeano,

Contei de minha busca, pedi para ele ajudar,

Utopia fica, (disse) onde você está buscando,

E serve apenas para isso, para se caminhar...

Galguei o Everest e sequer levei bandeira,

e o velho escritor, me acenando sorrindo,

Pois, voltado meu olhar pra terra brasileira,

O horizonte me olhava d'onde eu tinha vindo.

O horizonte tangível fica ,enfim, no ocaso,

e, andando no tempo chegamos, ao natural,

Quando na pedra da fonte partir-se o vaso,

E a alma alada, adentrar ao palácio eternal...