Um pouco de muitas...

Um pouco de Frida Kahlo

Chacoalhando a vida

Plantando flores na avenida

Colhendo pó, dor e despedidas.

Um pouco de Pagú

Arteira, amante do interno

Moderno da revolução,

Revoltada interrogação?

Um pouco de Maria...

Várias Marias,

Parida com manias

Intérprete de mim mesma.

Um pouco cigana

Sem umbanda, sem nome...

Cheia de cores, com flores na saia

Girando, gingando, cantando...

Um pouco indecente

Singela criança

Carente com dentes

Urgente semente.

Assusto...

Chuto o pau da barraca

Não temo ninguém e a nada

Intensa, ansiosa, corajosa...

Quando erro, boto a cara, não nego!

Sou lembrança...

Esperada do destino...

Sou dedicada as vidas que a minha deu.

Sou barulho...

Quando pensativa e muda,

Culpo a lua, a xingo de puta.

Tantas se encaixam em mim

Tantas moram em mim...

Sou muitas,

Sou nada,

Sou estrela

Sou terra batida

Sou fera ferida

Sou abrigo

Sou o ódio

Sou o amor

Sou poeta!

Escrevo para não morrer de dor

Sou quem você quiser,

Sou quem eu quero ser.

O que bem sabia de mim

Não está mais aqui, deixaram morrer!

Camila Senna
Enviado por Camila Senna em 09/11/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3326606
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