Um pouco de muitas...
Um pouco de Frida Kahlo
Chacoalhando a vida
Plantando flores na avenida
Colhendo pó, dor e despedidas.
Um pouco de Pagú
Arteira, amante do interno
Moderno da revolução,
Revoltada interrogação?
Um pouco de Maria...
Várias Marias,
Parida com manias
Intérprete de mim mesma.
Um pouco cigana
Sem umbanda, sem nome...
Cheia de cores, com flores na saia
Girando, gingando, cantando...
Um pouco indecente
Singela criança
Carente com dentes
Urgente semente.
Assusto...
Chuto o pau da barraca
Não temo ninguém e a nada
Intensa, ansiosa, corajosa...
Quando erro, boto a cara, não nego!
Sou lembrança...
Esperada do destino...
Sou dedicada as vidas que a minha deu.
Sou barulho...
Quando pensativa e muda,
Culpo a lua, a xingo de puta.
Tantas se encaixam em mim
Tantas moram em mim...
Sou muitas,
Sou nada,
Sou estrela
Sou terra batida
Sou fera ferida
Sou abrigo
Sou o ódio
Sou o amor
Sou poeta!
Escrevo para não morrer de dor
Sou quem você quiser,
Sou quem eu quero ser.
O que bem sabia de mim
Não está mais aqui, deixaram morrer!