Flagrante da Rosa
Pensei no caminho da rosa
Como quem quer arriscar:
Sentir e compreender poemas.
Olhei para a rosa no jardim
E minha imaginação a tornou em pétalas.
Tomei um poema clássico e metrifiquei seus versos.
Depois devolvi as pétalas à rosa
E as sílabas ao poema.
Um outro instante, na constante busca da compreensão,
dei ao instante vários dias...
Observei o trabalho do nascimento da rosa:
o pé da flor é fincado na terra e tem raízes;
ela brota entre ramos verdes, pequenininha, devagar;
se avoluma depois, como em milagre, de repente...
Zombando do poeta à çaça das palavras, do metro, da rima.
(O poeta precisa da terra e das raízes, então, constrói a.
lembrança da palavra dançando com nova palavra nos ramos
históricos, presentificados, no homem inteiro do mundo).
Até em musicalidade de versos livres.
Se a rosa é tão ligeira, não na edificação de seu nascer.
Mas no seu desaparecer...
O poema fica, o poema se escreve e se lê,
Transcende o papel e consola o desconsolado,
Alimenta o apaixonado, dá-se a descobrir amor.
O poema é fé nas palavras.
Não de uma palavra vazia, desconsiderada.
Sim de uma palavra avolumada e resignificada.
Em versos de rimas intercaladas ou emparelhadas, ele rima com o verso livre do coração humano.
Muitas vezes essa canção escrita para ser lida em alta voz
Ao som da lira ou da emoção – voa livre no espaço aberto:
Não rima, não precisa de escansão.
No entanto, se não é o nascimento da rosa
(os milagres da natureza).
O poema seria uma palavra fria: sem razão.
Pois, o poema tanto quer reconstruir pandora
No mundo afora (para o moço, para o ancião).
Quer fascinar a vida.
A vida encantada pela rosa que
não carece palavras mas, chão.