Flagrante da Rosa

Pensei no caminho da rosa

Como quem quer arriscar:

Sentir e compreender poemas.

Olhei para a rosa no jardim

E minha imaginação a tornou em pétalas.

Tomei um poema clássico e metrifiquei seus versos.

Depois devolvi as pétalas à rosa

E as sílabas ao poema.

Um outro instante, na constante busca da compreensão,

dei ao instante vários dias...

Observei o trabalho do nascimento da rosa:

o pé da flor é fincado na terra e tem raízes;

ela brota entre ramos verdes, pequenininha, devagar;

se avoluma depois, como em milagre, de repente...

Zombando do poeta à çaça das palavras, do metro, da rima.

(O poeta precisa da terra e das raízes, então, constrói a.

lembrança da palavra dançando com nova palavra nos ramos

históricos, presentificados, no homem inteiro do mundo).

Até em musicalidade de versos livres.

Se a rosa é tão ligeira, não na edificação de seu nascer.

Mas no seu desaparecer...

O poema fica, o poema se escreve e se lê,

Transcende o papel e consola o desconsolado,

Alimenta o apaixonado, dá-se a descobrir amor.

O poema é fé nas palavras.

Não de uma palavra vazia, desconsiderada.

Sim de uma palavra avolumada e resignificada.

Em versos de rimas intercaladas ou emparelhadas, ele rima com o verso livre do coração humano.

Muitas vezes essa canção escrita para ser lida em alta voz

Ao som da lira ou da emoção – voa livre no espaço aberto:

Não rima, não precisa de escansão.

No entanto, se não é o nascimento da rosa

(os milagres da natureza).

O poema seria uma palavra fria: sem razão.

Pois, o poema tanto quer reconstruir pandora

No mundo afora (para o moço, para o ancião).

Quer fascinar a vida.

A vida encantada pela rosa que

não carece palavras mas, chão.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 05/11/2011
Código do texto: T3318810