TEXTÍCULOS DE SABEDORIA INÚTIL E BARATA - II
- I –
EU AVALIZO
dou toda trela ao desatino
no amor (e na guerra)
o que pintar de trégua
eu assino
- II –
LABIRINTO DO BEM
melhor bem perder-se na juventude
para mal-e-mal reencontrar-se na velhice.
- III –
POSOLOGIA DOS CÉUS
colírio de estrelas:
use cinco pingos
e tuas lágrimas de alegria
tombarão outros brilhos
- IV –
LER UMA BOA POESIA
suspender o que é pesado
toneladas de matéria
despachá-las acima do olhar,
arriba à gravidade da terra
dar aos vossos fardos, leveza-fera...
- V –
MINHAS EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS:
"DECAPITAR PALAVRAS"
def.:
transmitir
nada menos
do que mais
ao grafar palavras a mais
de menos
- VI -
A ARTE DA OPRESSÃO
não era poesia para pensar
foi feita para conformar-se
de que o rio corre p’ro mar
- VII –
(IN)CERTEZA DAS COISAS
de uma coisa não abro mão:
insistirei sempre em dessaber
aquilo que devo persistir
- VIII –
FELICIDADE - I
n’algum local perdido
dentre momentos invividos
alegre, brinca de esconde-esconde
a minha felicidade
- IX –
FELICIDADE - II
a felicidade
jamais gargalha:
no máximo escapa dela
um sorriso de Mona Lisa
- X -
FELICIDADE – III
O ÁPICE DA TECNOLOGIA
empresas japonesas, coreanas e americanas
fabricam eletro-eletrônicos que só os mais felizes
conhecem a melhor forma de “não” os utilizar.