Não lembre de mim no dia de finados
*republicação
Tenham paciência comigo
como se estivesse morto;
não retenham elogios consigo,
então, não trarão conforto.
Podem criticar também
lancem a verdade em rosto;
Véritas não fere ninguém,
fere o cinismo imposto.
Quisera poder ouvir,
murmúrios do meu velório;
Que daria pra usufruir,
o vento do palavrório!
Indulgência imerecida,
poderia me comover,
trazendo de volta à vida,
valeria à pena viver.
Somos uns falidos, é certo
à virtude, sequer abono;
cansados desse deserto,
olhamos a cama com sono.
Poetas são uns fugitivos
vendo mistérios do universo;
revoltados quando cativos,
forjam mundos em versos.
Declare agora seu amor,
seu ódio, seu desagrado;
não lance meleca no ventilador
com o ventilador desligado.