A liberdade tão sonhada
Desejada,
Esperada...
Estou ainda querendo saber
Onde está esta senhora...
Que fala comigo, mas...
Sei seu rosto?
Sei de sua boca?
Esta senhora me acompanha...
Ouço seus passos.
Mas onde ela?
Escuto suas falas
Comovidas,
Atentas,
Alertivas...
Mas... onde está
A boca que assim me fala?
A liberdade brinca comigo
Como uma criança marota....
Mostra-se, esconde-se...
Foge... escapa... ardilosa...
Com seu jeito de mansa
Gosta de ser manhosa
Para assim poder conseguir
Seus doces e presentes
Em hora inadequada
Para depois impor corretivos...
Deixa-me aturdida com seu jeito
Tudo pode nada pode.
A liberdade são aspas
Que abro e fecho em minha existência
E aí, nesse espaço, reduzido, fico quieta...
Não me mexo... tenho paciência...
Mesmo assim recebo sem clemência
O boleto de conta a pagar.
Não fui cuidadosa?
Não fiz birra... Não chorei... Por quê?
Ah! Liberdade!
Sempre fazendo das suas...
Com o boleto em mãos
Fico imaginando se podia
Ter feito algo para melhorar...
E sua boca oculta responde com eco...
Podiaaaaaaa! Podiaaaaaa!
Comooooooo? Pergunto bem alto.
Segue meus passos, ela diz...
Mas não vejo passos para seguir.
Pegue minha mão, torna a dizer.
Não vejo mão alguma...
O boleto me escancara a realidade...
Eu procuro tanto e tanto a liberdade,
Mas não posso ser eu...
Como vou encontrá-la se não sou eu
Que sai em busca, mas, um autômato?
A liberdade... então me diz!
Sorria!... mas eu quero chorar ...
Fale baixo... Não insulte o silêncio!
Ah! Eu quero gritar, gritar, falar
Tão alto que até nos confins do mundo
Vão poder escutar...
A liberdade... parece uma bolha de sabão,
Bonita, colorida, próxima.
Frágil. Estoura fácil...
A liberdade é o combustível
Necessário para eu poder viver.
Preciso abastecer o tanque
Todos os dias de muito cuidado,
Atenção, silêncio, paciência,
Tolerância...
Caso contrário não saio do lugar.
Emperro.
Nem empurrando...
Por que precisa de tantos jeitos
Trejeitos, jogo de cintura
Para ela se mostrar a mim?
Por que quando sou eu mesma,
Você se esconde e diz que eu
Não soube fazer as coisas certas?
Por que você só se mostra quando eu finjo
Que sou boazinha, comportada
Mansa,?
Por que não fazemos um pacto:
Você me aceita como sou
Eu te aceito como você é?
Inclusão, minha cara!
Somos diferentes!
Temos gostos diferentes.
Ah! Sei! Não posso desrespeitar
O próximo. Devo ser tolerante.
Devo aceitar tudo que vejo e ouço,
Inclusive sua mania de se esconder
Atrás da tolerância.
Sabe, por enquanto só tenho
Liberdade para escrever
E mesmo assim... Você está escondida!
Me observa! Sentencia o que escrevo
Para saber se não ultrapasso o direito.
Ah! Liberdade!
Agora você se esconde atrás do referendo.
Não se mostra...
Atrás dos sem-terra,
Dos sem teto,
Dos famintos...
Da greve de fome...
Liberdade!
Abra as asas sobre nós!
Nós, sim!
Não sou só eu que te chama,
Mas toda a nação, o mundo...
Você está escondida
Nos tsunamis,
Terremotos,
Deslizamentos!
Até a guerra te esconde
Te protege...
Ah! Liberdade...
De votar... de escolher..
Quem vai fazer menos desmandos
Pois a liberdade está escondida
Nas entrelinhas da existência.


14/10/2005