Casualidade
Cai no telhado
Empurra o graveto
E as folhas caídas
Vai passa pela calha
Pelo caimento
Molha o quintal
Refresca as margaridas
Vai encontra as calçadas
E os riachos
Que se formam com a descida
Vai junta a criançada
Que brinca nas bicas
Vai junta os velhos
Que ficam nas janelas e guaritas...
Vai junta os pardais que ficam mudos
Nos porões e marquises aquecidas...
Cai no telhado
Empurra o graveto
E as folhas caídas
Vai passa pela calha
Pelo caimento
Molha o quintal
Refresca as margaridas
Faz as ruas ficarem encharcadas
Faz o rio ocupar parte da avenida
Faz os carros ficarem lerdos
E as pessoas cada vez mais enlouquecidas
Vai, vai.
Segue teu curso natural
Deságua no mar
Deixa a tempestade moldar tua existência
Por que o mundo precisa de casualidades
Por que tudo muda...A todo o momento
E não adianta termos tanta ciência...
Se a terra resolve se revoltar...
Ela não dá pistas...
Ela não dá nem conhecimento...
E tome chuva...
Trovoada,
Relâmpago
E pancada de vento.