SOU HONESTO
Sou mais honesto
Quando afirmo que não caço destino
Quando digo que tudo em mim não pensa...
Sou honesto se sinto
Que a falta d’um mísero sentido
Dispensa-me de quaisquer castigos
(Como não haver o castigo
Fosse o anúncio da pior sentença)
Sou honesto quando grito calmo
Que - nada de sereno digo -
E este não-dizer se parece
Com o dizer que
Mais se parece comigo
Sou honesto no meu esnobe vazio
Na minha tristeza alegre
Na luta ferrenha que consegue
Suster-me numa insustentável paz
Que me traz nem menos ou mais
Sou honesto
Nessa mentira pura e solene
Que, de tão perene,
De honestidade não satisfaz
Por mais essa verdade,
Incapaz, me acene