UM GRITO SOLITÁRIO
Onde acharei lugar no mundo para a minha sã insanidade?
O que farei com a sinceridade perdida em meio a esse tiroteio de cinismos?
Meus sonhos e idealismos andam pecando por conta da lealdade
Posto que o mar de todas as ambigüidades persegue as ondas de meu inconformismo!
Proclamador de um Cristo que aborrece filósofos modistas
Arauto das listas que ressuscitam as virtudes do passado
Que defende o velho amparado, que questiona a arrogância dos cientistas
Que sugere gestos altruístas e abomina o pequenino maltratado!
Quem atentará ao poeta que ama árvores e odeia edifícios?
E com ele lutará contra os malefícios monopolizados pelo progresso?
Se a bandeira visionária é um taxado retrocesso, se o rascunho tão singelo para tantos é difícil
Quem perdoará meu vício e negar-me-á o que não peço?
Que seja a mesa ladeada em família que celebra a unidade do seu pão
Que a visão do vencedor jamais implique seu irmão pisotear
Que o conceito do amar não seja o mesmo da televisão
Que o coração não tenha a ambição por legitimação para não se humanizar!
Porque num mundo sem verão, uma andorinha se propõe levar o sol até o inverno
E achará o verbo amar algum herói conjugador?
Quem ouvirá a voz do sonhador que vê nesse aparente céu um mascarado inferno?
Quem há de escutar o grito interno desse singelo versador do amor?
*****************************************************
Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor