UM GRITO SOLITÁRIO

Onde acharei lugar no mundo para a minha sã insanidade?

O que farei com a sinceridade perdida em meio a esse tiroteio de cinismos?

Meus sonhos e idealismos andam pecando por conta da lealdade

Posto que o mar de todas as ambigüidades persegue as ondas de meu inconformismo!

Proclamador de um Cristo que aborrece filósofos modistas

Arauto das listas que ressuscitam as virtudes do passado

Que defende o velho amparado, que questiona a arrogância dos cientistas

Que sugere gestos altruístas e abomina o pequenino maltratado!

Quem atentará ao poeta que ama árvores e odeia edifícios?

E com ele lutará contra os malefícios monopolizados pelo progresso?

Se a bandeira visionária é um taxado retrocesso, se o rascunho tão singelo para tantos é difícil

Quem perdoará meu vício e negar-me-á o que não peço?

Que seja a mesa ladeada em família que celebra a unidade do seu pão

Que a visão do vencedor jamais implique seu irmão pisotear

Que o conceito do amar não seja o mesmo da televisão

Que o coração não tenha a ambição por legitimação para não se humanizar!

Porque num mundo sem verão, uma andorinha se propõe levar o sol até o inverno

E achará o verbo amar algum herói conjugador?

Quem ouvirá a voz do sonhador que vê nesse aparente céu um mascarado inferno?

Quem há de escutar o grito interno desse singelo versador do amor?

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/10/2011
Reeditado em 11/10/2011
Código do texto: T3269345
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