TEMPOS DE BELEZA

A beleza me pegou de jeito.

Eu que nem a vi, sorrateira...

Admito. Não distingui direito

a danada da beleza

a tal que “não se põe à mesa”

Sem cerimônia ou recato

Tomou-me de assalto

o meio do peito...

Como qualquer beleza

que se preza

ateou fogo em mim

com aquela usual audácia brejeira...

Inflamou a fogueira bem no meio

da geladeira dos meus olhos rasteiros...

Ah, mas me pegou mesmo de jeito

a tal, a danada da beleza!

E olha que nem era dia de natal,

de páscoa, da independência

ou carnaval...

Talvez o dia internacional

da beleza erradia, incontemplativa,

não-intencional...

Era um daqueles dias

dos menos consagrados

como abençoado é qualquer reles beato

de abadia...

Sim. Era o tempo certo da beleza.

Daqueles momentos-poesia

De jamais se esquecer

Era a tradicional romaria

: O dia universal da beleza trivial

Desprezada todo o santo dia