Poema Proibido

Nessas ruas cheirando a sarjeta

Muitos amores eu já tive,

Como um cego que carrega a muleta

Todos os meus desejos eu os contive.

Nessas ruas que com cheiro de lama,

O amor eu vi corrompido,

Como fogo que em brasa é chama

Eu vi as flechas quebradas de um cupido.

Nessas ruas que nada a esconde,

Vi passar por ela a beleza,

Como Cruza nas ruas o bonde,

Bela nua qual é tua tristeza?

Nessas ruas com todo perfume,

Tudo desperta meu temor,

Como a noite se abre em negrume

Abre-se em perfume o fulgor.

Alves Rosa

do livro "Poemas Proibidos".

Alves Rosa
Enviado por Alves Rosa em 08/10/2011
Código do texto: T3264796