Poema Proibido
Nessas ruas cheirando a sarjeta
Muitos amores eu já tive,
Como um cego que carrega a muleta
Todos os meus desejos eu os contive.
Nessas ruas que com cheiro de lama,
O amor eu vi corrompido,
Como fogo que em brasa é chama
Eu vi as flechas quebradas de um cupido.
Nessas ruas que nada a esconde,
Vi passar por ela a beleza,
Como Cruza nas ruas o bonde,
Bela nua qual é tua tristeza?
Nessas ruas com todo perfume,
Tudo desperta meu temor,
Como a noite se abre em negrume
Abre-se em perfume o fulgor.
Alves Rosa
do livro "Poemas Proibidos".