Contra o vento na cidade
O vento arrastando papéis,
Desloca o sujo do chão,
Passa prostíbulos quartéis,
Ampla é sua mão;
Mostra vereda aos pés,
Que ignoram a direção,
Depositários infiéis,
do tesouro do perdão.
A cidade imota se move
Nos limites em que habita;
Tanto faz se neva ou chove,
Ou a abóbada fulge bonita,
A antiga prova dos noves
Corrige a álgebra escrita,
Prepara arsenal de Engov,
E peleja com a birita.
Uma meia dúzia de loucos,
Lê o aponte da biruta,
Que pena, sejam tão poucos,
Que fogem à senda poluta;
Onde os mercadores roucos,
Adornam a cilada arguta,
Enobrecendo linhagem de escrotos,
Simulacros filhos da outra.