Contra o vento na cidade

O vento arrastando papéis,

Desloca o sujo do chão,

Passa prostíbulos quartéis,

Ampla é sua mão;

Mostra vereda aos pés,

Que ignoram a direção,

Depositários infiéis,

do tesouro do perdão.

A cidade imota se move

Nos limites em que habita;

Tanto faz se neva ou chove,

Ou a abóbada fulge bonita,

A antiga prova dos noves

Corrige a álgebra escrita,

Prepara arsenal de Engov,

E peleja com a birita.

Uma meia dúzia de loucos,

Lê o aponte da biruta,

Que pena, sejam tão poucos,

Que fogem à senda poluta;

Onde os mercadores roucos,

Adornam a cilada arguta,

Enobrecendo linhagem de escrotos,

Simulacros filhos da outra.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 08/10/2011
Reeditado em 08/10/2011
Código do texto: T3264591
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.