O Vício

Vou engolir flores

O amor é um vício

Alcaloides de ardores

A saga de seus ofícios

Já bebi absinto

Mandei flores

Escrevi cartas

Bebi licores,

Dancei valsas

Tomei tento

O amor é um vício

Só nele me contento

À noite quando ouço estrelas

Vejo os abismos da noite

E parece que vejo o conflito

De uma amante em açoite.

Já chorei mares

Dancei sem música

Andei nos atalhos

Traguei os fumos

Bebi os ventos

O amor é um vício

Só nele me contento

Na escuridão imagino auroras

O silencio parece romper

Não este vício que devora

Mas as cores de um amanhecer.

Já beijei a lua

Falei de amores

Comi amoras

Comi amendoins

Esperei o tempo

O amor é um vício

Só nele me contento.

O amor é uma chama que sobejo

Faz o homem feliz, infeliz, feliz

Não daquilo que a boca diz

Mas aquilo que diz o beijo

Já provei de desejos

Rompi os crepúsculos

Quebrei todas as louças

Rasguei minha sina

Escrevi pensamentos

O amor é um vício

Só nele me contento.

Alves Rosa

Alves Rosa
Enviado por Alves Rosa em 07/10/2011
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