O Vício
Vou engolir flores
O amor é um vício
Alcaloides de ardores
A saga de seus ofícios
Já bebi absinto
Mandei flores
Escrevi cartas
Bebi licores,
Dancei valsas
Tomei tento
O amor é um vício
Só nele me contento
À noite quando ouço estrelas
Vejo os abismos da noite
E parece que vejo o conflito
De uma amante em açoite.
Já chorei mares
Dancei sem música
Andei nos atalhos
Traguei os fumos
Bebi os ventos
O amor é um vício
Só nele me contento
Na escuridão imagino auroras
O silencio parece romper
Não este vício que devora
Mas as cores de um amanhecer.
Já beijei a lua
Falei de amores
Comi amoras
Comi amendoins
Esperei o tempo
O amor é um vício
Só nele me contento.
O amor é uma chama que sobejo
Faz o homem feliz, infeliz, feliz
Não daquilo que a boca diz
Mas aquilo que diz o beijo
Já provei de desejos
Rompi os crepúsculos
Quebrei todas as louças
Rasguei minha sina
Escrevi pensamentos
O amor é um vício
Só nele me contento.
Alves Rosa