TEXTÍCULOS DESNUDOS DE CALÇAS

- I -

"(DES)CALÇAS"

Justo pedem a mim

As minhas coxas

Razão de elas preencherem

De sangue e carne

As lãs rotas das calças

De costuras frouxas

Dando-lhes sentido

De ser e vaguear...

- II -

"O CALCEIRO DE SAGRES"

Às calças,

Caminhar

- Sem qualquer motivo

Sem qualquer sentido -

É preciso

(lavar não é preciso)

- III -

" CALÇAS DE CASTIGO"

São lobas da noite a uivarem

A reclamarem o além-armário

A quererem mais do que

Estarem suspensas da lida

Por uns mequetrefes cabides magricelas

Aos arrabaldes do ar.

- IV -

"PELAS CALÇADAS"

Minhas calças

Embatumadas e famintas

Querem bater pernas

Pelas mais infamadas

Tavernas da cidade perdida

- V -

"O FANTASMA DAS CALÇAS"

calças favoritas

ocultam ao cós

os fundilhos

da alma

calças favoritas

segredam à altura

da braguilha

os desejos mais lúbricos

d'uma sombração

tesa e andarilha