Divagações sobre a verdade da realidade [e vice-versa] 2ª edição.

E todo mundo quer ser lido, mas ninguém quer perder tempo lendo, e todo mundo quer ser compreendido e exaltado por outrem, mas ninguém é compreendido.

Críticas demasiadas e premeditas, incompreensão da obra, e algumas vezes falta de sentido na mesma.

Exagero de destaque em frases de pouco valor, quando o importante é deixado de lado ou mal analisado.

Extrapolação tirando a graça e o sentido das satirizações, ironias mal compreendidas ou mal feitas.

Necessidade e incapacidade de classificar o texto dentro de um gênero literário, busca por origens e inspirações inexistentes. Mesma rotulação idiota designada a subgêneros musicais e ou filmes e peças de teatro. Comédia para você, drama para mim, riso no rosto do diretor e enigma revelado de acordo com a imagem de realidade formulada pelo crítico.

Hipérboles trazendo alguma graça a relatos desinteressantes, transformando fatos em notícias, inutilidades em produtos. Maquilagem na verdade, massa corrida.

Observar muda a realidade, e é aqui que as respostas e compreensões se tornam falhas.

Todos enganados, quando a realidade é incógnita indecifrável fugindo da compreensão humana.

Os trechos bons da Bíblia são tomados como verdade, as mortes e tragédias são metáforas. Contradições são ignoradas. Os dois lados da moeda são iguais. Sem valor. Respostas aparentemente imediatas e idiotas saciando a busca eminente por respostas inauditas. Resposta provisória até a morte e que permanecerá como um fantasma assombrando os herdeiros da dúvida. Teorias modificadas, novas teorias explicando o passado, o presente não faz lá grande sentido e ainda existem previsões para o futuro.

Escritores que atingiram gerações de cegos, respostas incoerentes dadas pelos donos das palavras. Uma frase simples, desconexa e totalmente sem sentido, arrotada de uma boca fedendo a whisky pertencente a uma cabeça cansada de um sádico niilista, se torna uma grande metáfora. Anos de estudo e teorias e uma nova resposta para a vida é criada. O escritor, clamado como gênio morre guardando para si a certeza da insignificância do que fora dito, mas a fama transpassa o tempo, e suas palavras tornam-se a verdade de uma pequena multidão. Outras verdades virão, e cada um escolherá a que lhe for mais conveniente. Poucos chegarão à conclusão de que a verdade talvez nem exista, que a verdade foi inventada por alguém e moldada através das gerações.

Religiões, teorias, teses, explanações, explicações, tudo sustentado em bases fracas, trêmulas, tudo a ponto de desmoronar. TUDO.

A realidade não é aquela em que acredito, ou finjo acreditar, a realidade não é aquela que você enxerga e crê, a realidade não é aquela que você enxerga com seu olho bom, mas sim aquela refletida em seu olho de vidro.

A verdade não se encontra em nenhuma estante. Todo o conteúdo da internet tem credibilidade compatível com a da Wikipédia.

Cuidado com as artes, com a matemática, com os professores, com as religiões, com os conselhos, com as dicas, com as religiões, com a internet, com os livros, com as teorias, com os paradoxos, com as respostas e com as perguntas.

E tudo de fato desmorona, os cálculos são refeitos, e novas teorias são adequadas a nova realidade, mas a base mesmo sendo mais forte (quando o é), continua fraca e desgastada.

E TUDO o que você acredita, tudo o que você defende, tudo o que lhe foi ensinado, tudo ruinará, cairá por terra, virará pó e será levado pelo vento, pelo tempo. Os vestígios serão reutilizados na reconstrução. Persistindo infinitamente no erro. E o ciclo segue...

Quem foram os vilões? Quem foram os heróis? Quem está certo? Quem não está? Quais as alternativas? Justificativas se fazem necessárias?

Eu estou certo, você está errado, e o mundo segue, e o mundo individual de cada um é quase tão conturbado quanto o mundo dividido por todos.

Beckerf
Enviado por Beckerf em 03/10/2011
Código do texto: T3255753
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