No silêncio distendo minha acuidade.
Amplio em muito a faculdade
De ouvir com alacridade.
O barulho da imobilidade.
Nos leva para a paz da longevidade
Em que o pensamento, mesmo na ilegalidade,
Nos demonstra, com muita propriedade,
Como é inútil, irreal, a nossa sonoridade.
No silêncio ouço também o som
Que vem do ipê, rosado e copado, pelo vento açoitado
O chilrear dos pássaros dando seu recado acalorado
Tanto para os que tem siso como para os malcriados
Ele expulsa, cruel, a falsidade
Projeta escada de luz para nossa subjetividade
Alertando-nos de que toda a sobriedade
Encaminha-nos, com certeza, para a preciosa harmonia
Esguia, que dirige com maestria, toda a nossa utopia.