Disseram-nos…
Para sermos educados
Que nisso estava a suprema Razão
Sim estava de facto
Mas deram-nos um esboço de tal
E depois demitiram-se dessa educação…
Para prosperarmos
Criando metas na tal Educação
Para que ficássemos bem na fotografia
De uma Europa
Metas
Pura ilusão
Porque a prosperidade
Foi alimentada por um crédito
Que agora é mal parado
Porque a prosperidade
Ficou a meio
Entre o que foram os nossos pais e os nossos avós
Porque a Educação
De facto tem números
Que nada valem
E por isso
Depois dos que vieram antes de nós
Essa Educação ficou vazia
Ficou sem voz…
E foi então
Que o sonho dos nossos pais
Projectado no que poderíamos ser
Ou ter sido
Ficou oco
Sem qualquer tipo de razão
De sentido…
E segredaram-nos ao ouvido
Que a Economia
Era o novo templo onde deveríamos rezar
E a ela
Nos entregar
Mas a Economia
Revelou com o tempo
Que tinha a alma
E a sensibilidade de uma moeda
Fria
E profundamente vazia…
Destruindo nessa voracidade
O que nos poderia dar agora alguma fé
Desacreditando religiões
Obliterando ideais
E ainda se queixam
De sermos vazios
Ainda se queixam
Por nos atrevermos a queixar
Acham escandaloso
E anacrónico
A perspectiva
De recuarmos no tempo
E de sermos obrigados a ir para as ruas queixar
Acham-nos menores
Por sermos deprimidos
Mas se o somos
É porque eles mataram o nosso sonho
A nossa perspectiva
De podermos Ser
Porque somos de facto
A Geração
Que ficou no meio
Entre um esboço doutro sonho
E de uma enorme desilusão
Somos acima de tudo o fruto
De quem tomou o poder
E não soube tomar conta dele
Somos o fruto desvirtuado
De quem tomou conta deste barco
E o abandonou
Mal o sentiu afundado…
Sim, disseram-nos, e agora dizem que não o disseram…