Rufião

Cansada da labuta

Tu vens prostituta

De mais um dia de luta

Perigosa e astuta, de pouca conduta;

Diminuto ao juízo lacônico

Transparente ao sorriso irônico;

Tu vens prostituta

Descansar nos braços deste louco.

Do quilombo tu retornas

Da ferida nos teus seios

Explorada, insaciada, escrava do desejo;

Como um querubim expulsa do céu

O rosto de vergonha coberto com o véu

Desesperada á procura de um beijo

Tu vens prostituta

Em busca de abrigo.

Fantoche dos caprichos da vida

Da hipocrisia nos teus sentimentos

Manipulada pelo efeito da bebida

Tu encontras prostituta

Derrotada em teu próprio fingimento

Na fealdade dos teus atos

Nas histórias e relatos

Continuas teu sustento.

Crucificada no madeiro social

Quando pra ti mesmo, prostituta...

Somente tens feito o mal

Sem álibi e sem direito

Tu caminhas descalça

Pela estrada do preconceito

De pouca moral e razoável dinheiro

Tu vens prostituta

Aos meus braços sedentos.

Em meu leito embriagado e sóbrio

A nudez do meu corpo te espera

Mesmo vestida de impureza e lamento

Tu vens prostituta, tu vens prometendo...

Mulher de poucas palavras, de muitos segredos!

À noite é testemunha dos teus pecados

O dia dos teus sofrimentos

Não chores mais prostituta

Cuido-te da grana e dos teus sentimentos.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli

Março de 2002, no dia 31.

zacarelli
Enviado por zacarelli em 16/09/2011
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