Rufião
Cansada da labuta
Tu vens prostituta
De mais um dia de luta
Perigosa e astuta, de pouca conduta;
Diminuto ao juízo lacônico
Transparente ao sorriso irônico;
Tu vens prostituta
Descansar nos braços deste louco.
Do quilombo tu retornas
Da ferida nos teus seios
Explorada, insaciada, escrava do desejo;
Como um querubim expulsa do céu
O rosto de vergonha coberto com o véu
Desesperada á procura de um beijo
Tu vens prostituta
Em busca de abrigo.
Fantoche dos caprichos da vida
Da hipocrisia nos teus sentimentos
Manipulada pelo efeito da bebida
Tu encontras prostituta
Derrotada em teu próprio fingimento
Na fealdade dos teus atos
Nas histórias e relatos
Continuas teu sustento.
Crucificada no madeiro social
Quando pra ti mesmo, prostituta...
Somente tens feito o mal
Sem álibi e sem direito
Tu caminhas descalça
Pela estrada do preconceito
De pouca moral e razoável dinheiro
Tu vens prostituta
Aos meus braços sedentos.
Em meu leito embriagado e sóbrio
A nudez do meu corpo te espera
Mesmo vestida de impureza e lamento
Tu vens prostituta, tu vens prometendo...
Mulher de poucas palavras, de muitos segredos!
À noite é testemunha dos teus pecados
O dia dos teus sofrimentos
Não chores mais prostituta
Cuido-te da grana e dos teus sentimentos.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Março de 2002, no dia 31.