Cruzes em brasa
Quantos rabiscos no horizonte dessas linhas
Verbos anulados, descartados nessas finas fibras
Talvez não fossem dignos, tampouco aceitos.
Um vôo razante numa paisagem magmática
cruzes em brasa, certezas escaldadas
e ao final da sua ceia um discurso
Por que não antes?
Se coberto pelas metódicas suposições matinais
não puder ver a escraxada face da verdade
Se meu glaucoma voluntário incitado pelo enorme desejo de possuir alguém,
e logo ser alguém,
ludibriar-me,
Afronta-me!
Pois teus desatinos ferem menos que tua ausência
as minhas fábulas adquirem vida na tua permanência
e quando vislumbro a noite e seus luminares
me sinto maior do que a maior das estrelas
o organismo mais vivo que a terra gerou
Ontem, ao revolver a culpa sem armas nas mãos
recordei as madrugadas
o vento gélido por criar-te em mim
o pôr-do-sol não visto ao teu lado
a coragem omissa e amaro
o fim...la?
Realizo meus anseios em quanto te vejo escravo
tua fé me incomoda, (De)tenho náuseas
então me aquieto nun ponto neutro
retiro-me as pressas.
Quereria eu me assentar em teu trono
e movido por este poder provisório
transgredir teu roteiro, satirizar nosso fim
declamar poesias aos meus novos séquitos
Venha, depressa, quimeras cegam
e lá no fundo tais oscilações me agradam
Libertaremos o nosso destino
quando deixarmos de teme-lo