Cruzes em brasa

Quantos rabiscos no horizonte dessas linhas

Verbos anulados, descartados nessas finas fibras

Talvez não fossem dignos, tampouco aceitos.

Um vôo razante numa paisagem magmática

cruzes em brasa, certezas escaldadas

e ao final da sua ceia um discurso

Por que não antes?

Se coberto pelas metódicas suposições matinais

não puder ver a escraxada face da verdade

Se meu glaucoma voluntário incitado pelo enorme desejo de possuir alguém,

e logo ser alguém,

ludibriar-me,

Afronta-me!

Pois teus desatinos ferem menos que tua ausência

as minhas fábulas adquirem vida na tua permanência

e quando vislumbro a noite e seus luminares

me sinto maior do que a maior das estrelas

o organismo mais vivo que a terra gerou

Ontem, ao revolver a culpa sem armas nas mãos

recordei as madrugadas

o vento gélido por criar-te em mim

o pôr-do-sol não visto ao teu lado

a coragem omissa e amaro

o fim...la?

Realizo meus anseios em quanto te vejo escravo

tua fé me incomoda, (De)tenho náuseas

então me aquieto nun ponto neutro

retiro-me as pressas.

Quereria eu me assentar em teu trono

e movido por este poder provisório

transgredir teu roteiro, satirizar nosso fim

declamar poesias aos meus novos séquitos

Venha, depressa, quimeras cegam

e lá no fundo tais oscilações me agradam

Libertaremos o nosso destino

quando deixarmos de teme-lo

David Ribeiro
Enviado por David Ribeiro em 15/09/2011
Reeditado em 17/08/2020
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