O Espírito do Tempo
Sinto, quando o tempo muda, uma tristeza
que se identifica com a própria natureza
e escurece também meu céu interior.
Nuvens que tudo cobrem num momento
e apagam todo o azul com o cinzento,
como o instante final de um grande amor.
Em mim as nuvens são os desenganos,
o fracasso e a derrota dos meus planos
de procurar, de algum modo, ser feliz,
e nessa estranha empatia com o tempo
cinza os dois, eu e o céu, somos exemplo
da pessimista previsão que eu sempre fiz.
Só que existe uma grande diferença
entre a chuva real, bem forte, intensa
que coroando a escuridão começa agora.
É que depois de certo tempo ela termina,
ao passo que esta tristeza, a minha sina,
continua, sem a intenção de ir embora.