Instável máquina do tempo

Tem vezes que não falta nada,

Sorte bajula a alma qual rainha;

Inda assim essa inquieta espada

Recusa abrigar-se na bainha.

Aflições nascem de causa obscura,

o corpo erra o passo, mercê do peso,

sofre dores nessa máquina de tortura,

tais, que livre, se porta como preso.

Pode ser que o tempo foi transposto,

E dói a ferida que será amanhã,

Palato prova agora o amargo gosto,

Assim o sente, em seu sôfrego afã.

A razão e seus dúbios comprimidos,

Uns de adoecer outros de lenir,

Ora se faz médico explicando os idos,

Outra, chaga, sangrando o porvir.

Felizes os bichos, com seu jugo presente,

Pretérito e futuro, não os podem mover,

Abstratos aguilhões que a s vezes se sente,

Sendo o único jeito, deixá-los doer.

Sei, basta a cada dia seu mal,

Mas os esquilos guardam umas avelãs,

Mesmo sendo o bicho irracional,

Por um pouco, hoje, sofre o amanhã...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 12/09/2011
Código do texto: T3215371
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