Escuridão
Abro os olhos de minha mente
Vejo esterco sobre os pés de muita gente
Grito no silêncio de suas magoas
Para que me respondam rápido
E tudo que sinto são suas lágrimas
Rios mortos já poluídos
Corpos vazios e fedidos...
Pessoas mortas
Eu percebo
Pessoas mortas
Eu descrevo
Miseráveis como eu
Incrédulas e ignorantes em todo breu
Quem tu és para me questionar
Se não consegue nem me enganar
Com este coração seco e vil
Coiote tolo e infantil
Morra criança boba
Verme inútil e pergunta solta...
A escuridão é um sonífero para meus pesadelos
Pois quando estou no escuro nada vejo
Além de meus devaneios
Uma voz distante vai se fazendo alta
Um choro medonho meu coração exalta
É você!
Pálido morador dos ventos
Fictício acolhedor dos momentos
Onde estava tu amor
Que prometeu ser meu salvador...
Posso adentrar suas vidas
E nada te dizer além de mentiras
Rindo de sua tristeza
Cuspo em sua beleza
Pedra filosofal dos apaixonados
Quimera dos abobados
Dei-me um nome
Para em vão procurar me entender
Chame-me de bem querer
Só vou te fazer raiva até me esquecer...
Vou fechando os olhos e ainda não a apaguei
Maldito seja seu nome verdadeiro
Tola emoção que alimentei
Meu rosto rasga-se em insanidade
Estou louco para encontrar tu verdade
Já me destruí duas vezes
Porque não a terceira
Só assim ter certeza da derradeira
Abro a boca e tiro um som agudo de minha garganta
Fecho as mãos e soco o muro invisível
Caio no chão, levanto-me e me torno insensível
Como poderá me afetar agora Paixão?
Agora eu saboreio enquanto estás na minha mão...
Aaaah!
Destruo covas mal enterradas
Corro atrás de estrelas envenenadas
Dos tesouros que encontro
Tudo é ouro de mirra
Agonia constante
Tudo me irrita...
Quando o sol nasce não sinto seu calor, mas vejo seu brilho, talvez seja assim o meu amor, se ele não for só uma palavra.