A Canção da Liberdade!
Um dia a gente acorda olhando pros lados, como se algo realmente estivesse faltando. Os ventos sopram diferente, um tipo de inverno interior, que apenas a sua doce presença desfaz. É como se eu pudesse tocar essa ferida no tempo, onde eu digo algum adeus e aceno com lágrimas guardadas num peito quase totalmente destruído.
Poderia existir uma forma de dizer “eu te amo” sem mentir, poderia existir uma forma de abraçar sem jamais desprezar. Por que nós seguimos andando por aí, perdidos por dentro, feridos, soldados sem armas, deuses sem adoradores, asas sem vento... É assim, bebendo o veneno do que chamamos de “amor” que prosseguimos numa vida movida a carências, desprezível por essência, onde precisamos nos agarrar e vincular nossa frágil existência a todo tipo de credo e esperanças, com medo do real sentido de uma vida baseada na auto-subsistência, com medo de uma vida sem desculpas, onde agarramos nossas dores, e vencemos nossos medos, sem precisar levantar bandeiras mortas, de brasões banhados em hipocrisia. Sim, Sim! Eu canto essa canção, a canção da liberdade, o som sem medo, de quem sangra flores e rejeita as angústias banais! Sim, Sim! Eu danço sobre estrelas, numa noite qualquer, que dure milhares de anos, e que passe num segundo. Eu corro! E vou rápido, sem me mover, por que tudo o que existe está aqui, dentro de mim, e eu sou tudo o que existe e tudo o que existe não existe sem mim, por que sou essa fresta na parede, por que antes das palavras só existia a verdade, viajando nua e sem máscaras, por todo universo, plantando semente de amanhãs lindos e puros.