dolor narcísica

dói quando a porta entreaberta reverbera cais

dentro de mim

dói quando a lua dança e cresce e mingua

em ritmos tão longe

de mim

dói quando a chama vermelha de uma vela

incendeia 1´fragmento obscuro

de mim

dói quando alcovas não mais abrigam tuas entranhas em fogo agora

distantes

de mim

dói quando me desconheço mulher em amor derramado

esfacelado de frente

distante de mim

dói quando me chegam fantasmas de tua alma

a me rondar tão perto

dói quando as farpas de palavras minhas sofrem anorexia poética

tão perto da escrita que não se faz

dói quando ele se vai sem saber como e porquê

ama-se tanto a esmo

com o dolor de veias rubras tão perto de feridas

cruas& suculentas

dói saber que nunca soube

de mim