Inspiração
E se o negro que me cobre
me cobrisse para sempre?
Quando escrevo e palavras faltam
que vazio, que vazio!
E a poesia fica entalada
nas paredes da garganta.
Solto um grito seco.
Inútil, insípido.
O dicionário já não me basta,
as cores perdem graça.
As frases desajeitadas
se empilham, finjindo.
Ah, como são falsas!
Ah, como são pálidas!
É chato estar em qualquer lugar
que não seja lírico.
O que faz o poeta
quando não consegue poetar?
Sem as palavras amigas, amantes,
eu sou um mendigo errante.
Sou uma qualquer perdida,
uma flor sem vida.
Algum eu de rimas pobres
e olhos tristes.
________________
(Vou começar a contar a história das poesias que escrevo, acho que assim posso torná-las mais interessantes para quem as lê)
Escrevi essa quando estava numa época de crise criativa total, e ainda com um incômodo ao escrever, por causa da tendinite.