*Imagem enviada pelo poeta Lourenço de Oliveira
Meus olhos puxados não têm origem nobre
Ou dita pureza de sangue qu'encobre
Meus olhos puxados rasgam dum misto...
Dum olhar antevisto
Escondido em nudeza de corpo e espírito ...
À sombra de corpos de árvores
Banhados nos rios...
Em porões de navios
Meus olhos puxados vêm da querência
Da cadência...
Tingida no sangue d'espelhos trocados
Dos laços enfeitados
Do som do tombo no ensejo...
Metido nas matas num lampejo
Do branco desejo
Nasceram assim
Estes meus olhos puxados
Pagãos e renegados
Meus olhos
Puxados...
*Onde quer que vá ou esteja
O índio cheira à coisa benfazeja
Liberdade.
Verdade
Beleza
E por isto deito pena
Por minha ancestralidade
Minha parcialidade
Pelos tantos passos no tempo recuados
Pelos tantos passos sem vento
Acuados ...