Tronco Largo
Iluminada a loucura bem planejada de minha mente
Surpreendi-me com as árvores que sozinhas e escuras
Imitavam a raiz profunda do inconseqüente
Vagarosamente brotavam sozinhas em ápices de gravuras
Que iam passando como vento em minha cabeça cansada
A diferença que elas tinham era a de ninguém
Olhá-las com delicadeza e tempo
A ânsia por espectadores fazia os troncos altos e fortes
Se tornarem cada vez mais complexos e densos
Embolados um no outro, exuberantes e livres.
É porque verdadeiramente avistamos pouca coisa nas árvores
Aprendemos desde cedo a quase passar correndo
Cheio de deveres e coisas que menores que ela
Opunham-se em nós mesmos, limitando os acontecimentos;
E livrando-nos logo de um possível pensamento.
Dentro dessas perspectivas, é que levei um susto;
Quando por algum motivo qualquer e banal
Parei em frente a um tronco largo e vivo
E me surpreendi observando as aventuras que nasciam
Daquele ser tão constantemente inteiro
As raízes eram as folhas do lado oposto do sol
Construídos tão perfeitamente talhados
Que uns e outros emaranhados faziam surgir
Sensações e emoções maiores que uma planta
Era capaz de provocar
Enchi-me de energia sugando dela toda respiração
E calmamente encostei a mão em uma de suas sensualidades
E quase serena passei a descobrir que as suas provocações
Tão abstratamente demoradas em mim
Faziam-na ser mais que um simples ser de admiração.