Essência

Choro sem consolo, sem resgate.

Ainda que eu recrie uma esfera habitual,

estará destroçada e perecida de alguma forma, de todos os artesãos que irão delinear seus contornos.

Onde entrarão os leitores, os aprendizes, os amputados da matéria?

Esta pergunta poderá ser apenas incluída, discutida e jamais respondida, pois continuarei elaborando nossos fatos, nossos fetos, e deixando os bastardos na dúvida de um preço a ser pago ou não.

Sentimentos irrelevantes procuram minhas palavras,

parecem se encaixarem aos meus ruídos sóbrios, aos meus descompassos e pedaços de uma nova impressão se desencadeando

a cada sorriso que eu trago em meu rosto.

E pura. Tão pura é a solidão que me ataca com os atritos das paixões, paixões que não pisam para um longo tempo, mas que só arranham as paredes e não deixam pegadas.

Ah, se minha mente conversasse com o peito,

não sei bem o certo do que trataria, talvez de minhas proles,

talvez das delineadas e curtas passagens que eu teimo em não tentar agradar.

Ah, se isso fosse verdade,

não precisaria mais mentir sobre mim mesmo,

nem sobre os que me rodeiam nessa quebra de anseios.

Jogaria os problemas sobre os problemas questionais,

semearia grãos de trigo, colheria e comeria de meu próprio pão,

e não do pão amassado da vida.

Saberia de outras coisas, viveria mais e mais do que eu tento,

sentiria o cheiro da verdadeira e escondida essência.

Lucas Alves de Araújo
Enviado por Lucas Alves de Araújo em 31/08/2011
Reeditado em 21/07/2014
Código do texto: T3192036
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