Confesso!
Confesso!
Que sou a fera triste
Escondida na alegria dos dias.
Confesso!
Sou presa no passado amarrotado
Entre as paginas amareladas.
Confesso!
Não me apego pelo medo da despedida
A dor latente do adeus.
Confesso!
Sou rude por defesa, empunho a lança
Escondo-me rugindo.
Confesso!
Sou criança, que tem medo do escuro
Corro para os seus braços.
Confesso!
Choro de baixo do chuveiro
Grito por dentro ferida.
Confesso!
Guardo um amor mal-acabado,
Junto aos sonhos desfeitos em éter.
Confesso!
Sou cria de Iansã,
Que vence no mal tempo.
Confesso!
Tenho medo de crescer, medo de assumir
O risco do fracasso.
Confesso!
Sou presa dentro de mim mesma
Aprisionada e aflita.
Confesso!
Guardo segredos inconfessáveis
Na gaveta corroída por traça.
Confesso!
Um medo quase bobo do amanhã
O pedido de socorro fica preso na garganta.
Confesso!
Preciso de mãos estendidas sem julgamentos,
Apenas o silêncio.
Confesso!
Não sou perfeita, as peças não se encaixam
Diante do espelho.
Confesso!
Sou gata, sou bicho, arranho
A sua vontade...