A SOBERANIA DO TEMPO
Diante das mágoas, dos dramas e internas guerras - depreciamos os dias
Julgamos ser ali o ocaso das alegrias, só vemos o vazio e nada mais
Entendemos por incapaz todo destino construtor de novas vias
Tempos de aflições e agonias, ferindo-nos a alma com agudos arsenais!
No sonho esparramado em pleno chão, pedimos o socorro da justiça
Desfaz-se a cortiça e o verde esperançoso vira caule ressequido
Achando que o céu houvera esquecido da promessa que nos iça
E vendo o adeus da ilusão que enfeitiça, com a chegada do deserto imerecido!
Nem mesmo o tempo há de ter algum valor nessa passagem
Na sua fixa imagem, tudo que vemos é o suposto além irretornável
Considerando incontornável a problemática e descolorida paisagem
E que ele mesmo foi-se em tal viagem, deixando-nos um fel irrevogável!
Até que após as tantas curvas em si mesmo, decide o tempo inovar
Surpreendendo o nosso olhar com a tal imagem do impossível
Provando que na vida tudo é crível, até o que a lógica não quis acreditar
Que toda dívida há de se pagar e que até o jamais é plausível!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor