MISTÉRIOS

Somos nuvens outonais
Sobre as tantas esquinas,
Sinuosa, perigosa viagem,
Olhares em busca de refúgio, passagem,
Do labirinto de estranhezas,
Em busca de algo em meio às ruínas,
Distantes demais,
Da senhora certeza,
Frágeis nuvens perdidas,
Nos mistérios do firmamento,
Em busca de identidades,
De comportamentos,
Que abram a nossa realidade,
E dói essa fragilidade,
Esses seres enigmáticos que somos,
Causa-nos angústia, sofreguidão,
Ver nossos egos à mercê do cromo,
Nossas sombras prostradas,
No contraponto da imprecisão,
Somos versos nus - concretos,
Que o destino tece...
Um canto que se emudece,
Nas longas madrugadas,
O cansaço, o passo a passo inquieto,
Em um caminho que parece,
Não conduzir a nada.


- - - - - - - - - - - -

É SONHO

Quantas vezes me engano
quando se levanta o pano,
a cortina, bem dizendo,
onde sempre vou tecendo
esperanças e muitos sonhos.
Já nem sei onde eu os ponho,
os perdi sem nem sentir,
pelas esquinas da vida,
feias e descoloridas,
que dobrei a perseguir
uma farfalla encantada,
de asas fulvas, douradas...
Não, não posso desistir
desse sonho que embriaga
minhas noites - madrugadas.

(HLuna)