Ariana...
Durante varias horas do meu dia...quero deixar de ser mulher...ou melhor tenho vontade de ser de fato um majestoso falcão....não porque me desgoste a forma humana....mas porque sinto falta da imensidão...
Sou movida pelo império do sentir...que só se instaura em mim...quando deixo as asas.... fluir...
Quando brinco de poetar e me deixo ausentar....pois desnuda do peso da responsabilidade ..esqueço que sou dama....e me transformo em Ariana...o falcão de olhos densos...e.fugídios...que revoa todo e qualquer...desfiladeiro...sem medo e nem sequer calafrio...
Sob a forma de ave de rapina ...deixo de ser uma aparente menina...torno-me assexuada...quando abro as asas da imaginação...e deixo-me absorver...pelo lume...da criação....nestes instantes....meu cântico brota na minha alma...destemida... abastece-me de mil palavras...não mais intempestivas...ideias...fragmentadas,pois quando começo a voar no encalço delas...os vocábulos mudam de estado e se convertem em almas...a povoar minha terra..de composição...os ornamentos das estrofes...são...ditados pelos acordes do coração...
Assim.. meu verso torna-se daquele que detém o gosto de se teletransportar...para o universo do enamorar....onde a queda livre do instinto é interrompida...num vôo límpido...onde só se é possível....sonhar....
Quando componho...sorvo o néctar da cinestesia e dilacero as chancelas da culpa..que uma vez apropriadas ficam de imediato calcinadas...por minha inexperiente maestria...
Nestas horas delicadas as lagrimas são agora meras fluidas gotas cristalinas de emoção...vivenciada...que divido com você alma delicada!