O complexo genoma do amor

Na impotência do idioma, na eloqüência do silêncio,

sobre amor tudo se disse e muito há por dizer;

o que se pode é deveras pouco, isso é tudo,

tudo e resulta nada, só presunção de saber.

Capaz de alongar os braços, acelerar os passos,

incapaz, de malquerer, tão somente amar;

vestido de ternura, poemas ou flores,

travestido de espinhos, quando intenta educar.

Aos deveras livres, só ele pode prender,

alguém já disse que é forte como a morte;

agita o coração, refaz um olhar cansado de viver

aceso, vivo, engaste precioso iluminando o suporte

Todos os lugares o têm, santa onipresença.

Na terra alenta a vida, no inferno, a justiça,

no céu é pleno, já não carece mais nada,

de braços abertos, convida pra onde habita

Se lograsse descrevê-lo reteria águas nas mãos

Não é do reino das palavras, sofre-as, contudo

O melhor que podemos é brincar na chuva,

O “eu te amo” não diz nada, e isso é tudo.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 18/08/2011
Reeditado em 18/08/2011
Código do texto: T3167930