Luta de corpo e alma
A vida qual Rebeca, prestes a parir,
Jacó e Esaú, disputando a primazia,
Ambíguas forças a esgrimir,
aguarda a sentença a face do dia.
O pão do corpo, que gratuito!
Nasce o sol, presto se mostra;
O da alma, não diria fortuito,
no fundo do mar, no fundo da ostra.
Ora esse, outra aquele,
dando as cartas no jogo da vida;
Inconstante, pois, o afazer,
oscila do mergulho à jazida.
Aí a segunda se faz domingo,
dorme o martelo, acorda Agostinho;
E a lousa do saber recebe um pingo,
enquanto o braço se atém ao ninho.
Transeuntes difamam a preguiça,
do indolente que não vai à luta;
Seus apreços, encontram na liça,
e desconhecem porquê, esse labuta.
Nem vêem, passam por cima,
das pipetas onde eferve a existência;
Ventre, o moto que os anima,
seus passos, matéria pra experiência.