Luta de corpo e alma

A vida qual Rebeca, prestes a parir,

Jacó e Esaú, disputando a primazia,

Ambíguas forças a esgrimir,

aguarda a sentença a face do dia.

O pão do corpo, que gratuito!

Nasce o sol, presto se mostra;

O da alma, não diria fortuito,

no fundo do mar, no fundo da ostra.

Ora esse, outra aquele,

dando as cartas no jogo da vida;

Inconstante, pois, o afazer,

oscila do mergulho à jazida.

Aí a segunda se faz domingo,

dorme o martelo, acorda Agostinho;

E a lousa do saber recebe um pingo,

enquanto o braço se atém ao ninho.

Transeuntes difamam a preguiça,

do indolente que não vai à luta;

Seus apreços, encontram na liça,

e desconhecem porquê, esse labuta.

Nem vêem, passam por cima,

das pipetas onde eferve a existência;

Ventre, o moto que os anima,

seus passos, matéria pra experiência.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 16/08/2011
Código do texto: T3163877
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