TAÇA DE VINHO
Minha taça de vinho
Um cristal desconhecido,
Resplandecia luxo.
Minha taça era dos velhos,
dos velhos vinhos que apaixonam.
Comungavam histórias ancestrais...
Esses vinhos que remontam a memória.
Vinho de taça fina, fino cristal...
Vermelha a taça molhada.
Foi meu primeiro exame,
Minha prova para mordomo,
Passei na servidão.
Minha taça de vinho,
De tantos olhares,
Em tantas bocas,
Enxerguei minha felicidade.
De uma taça iluminada, fina...
Um som de violino e de lama,
Do vermelho ao branco qualquer,
Minha taça ou copo de café.
Quantos vidros se quebraram?
Menos o espírito guardado, escondido.
Das mulheres aos guardas da escuridão.
Dos amigos aos mendigos da praça.
Do vinho seco ao seco não da madrugada.
Quebrou-se o cristal e a vergonha,
Todo dia a mesma coisa,
Todo o dia a velha história.
Ficou na memória a taça,
Porque não há desgraça,
Apenas um ilimitado coração.
Minha taça de vinho,
Não sai da minha cabeça,
Todo dia, toda hora,
Como história que escrevi,
Na ressurreição da poesia,
Antes esquecida,
Num canto qualquer da solidão.