O tempo é uma joaninha
O frio do tempo. Um tempo calado, mudo, desonrado.
O ônibus lotado, uma menina se contorce incomodada
Com alguma coisa, talvez seja as pessoas esbarrando
E pisando em seu pé. A vontade de vomitar surge em mim,
Odeio ônibus, odeio esse para para desgraçado em cada
Sinal, em cada ponto. A joaninha caminhando na janela em que
Um homem tenta interceptar seu caminho deixando-a encurralada.
A criança dorme, a outra impaciente não para quieta, o frio torna-se
calor e a mistura dos infinitos perfumes geram odores insuportáveis,
a vontade de vomitar retorna, o suco gástrico começa a entrar
em ebulição, a cabeça aperta e uma dor começa a travar as ideias.
Volta a ficar frio, torno a por o casaco, a joaninha continua na busca
Desesperada por uma saída, mas o homem é insistente e continua
A pôr o dedo em cada lado que ela decide ir. Uma moça bonita sobe
E passa a ser a distração de alguns telespectadores. O relógio marca
15h45 estou abobalhado de tanto sono nem percebo que a joaninha
Consegue desviar e passa por entre os dedos do homem encontra
a janela com uma pequena abertura e bate suas asas para longe,
bem longe dos dedos inconvenientes. Meu ponto se aproxima
antes disso ainda olho para confirmar se a joaninha realmente se foi.