Não sei nadar
Águas descem céleres por lugares imundos, cânions,
entre lixo e fezes, alheias aos revezes, buscam os
baixios da terra.
Regatos concorrem molhando vícios, sujeiras, desperdícios,
vermes vários que a lama encerra…
Monótono ciclo; cursos fluem e afluem,
misturando-se por fim, oceano omisso;
alhures, alguns gêiseres sobem, que pulso,
que impulso! Mas ninguém atenta para isso.
Puras, cristalinas, contra a natureza qual piracema,
maravilha que presto se esquece;
Mistério que nuvem escura encobre, porque conta pouco
a límpida água que sobe, e tanto, a suja que desce?
Porque todos mergulham na lama, será medicinal, ou é
cegueira geral? Lamento… não sei nada.
Porque também não mergulho, será presunção ou orgulho?
Lamento… não sei nadar…