NUVENS

Danço no tic-tac dos ponteiros,
No embalo da melodia,
Dos dias que passam ligeiros,
Marcam a minha fisionomia,
O frágil destino de ser humano,
Me colocam em frente ao arqueiro,
Do tempo soberano,
Do seu dardo certeiro,
Lanço um olhar na tarde macia,
Na poesia da natureza,
Divago... indago a fugacidade,
Por que somos tão passageiros?
...
Enquanto o dardo não me acerta,
Enquanto a morte não vem,
A alma canta - desperta,
E nesse mundo de incertezas
Uma certeza me invade,
Importa sorrir para o presente,
Torná-lo surpreendente,
Me desligo do futuro, suas possibilidades
Fluo encanto - me solto no firmamento,
Mantenho as asas abertas,
Alcanço o algodão de nuvens,
Desfruto dos lampejos, momentos,
De envolvente felicidade,
Transcendo o meu estado interior,
E vejo a vida com olhos de amor.