PELO AVESSO DO QUE NÃO É DIREITO
E ver o caos
na harmonia de um lago sereno
as flores subentendidas
no claro-escuro dos lixões
regalar-se de perceber intrincadas formas
na aparente simetria de uma flor
divisar o imponderável
dentro de certezas anunciadas
ser um só e ser vários
na mesma corpórea forma
ter na placidez da face
milhares de pontos obscuros
devidamente subentendidos a quem souber ver
carregar um fardo pesado ao olhar alheio
e sentir que ele tem o peso
que podemos suportar
vislumbrar o infinito num horizonte estático
percorrer distâncias sem mover os pés.
Não há como se sujeitar a ver o mundo
com olhos domesticados
com sentimentos tolhidos e subjugados
não há como sentir a beleza através de regras
não há como ser espontâneo
preso aos rigores das convenções
pois os tênues fios que nos conectam
ao mais profundo desse oceano sem fim
não vibram ao som de palavras de ordem!