[O que a Boca não Grita]

[Uma hora destas, eu volto]

... ...

Por que deixar à conta do Acaso,

por que não roubar aos deuses

o prazer sarcástico da ceifa de mim?

Crio-me como se cria um porco:

— Para ser morto pela mão do tempo!

Há coisas sobre as quais me calo;

o clamor de antigos silêncios

pesa sobre mim com o clangor

do ferro das montanhas de Minas!

Ah, este desatino... Razões e semelhanças

vêm de lá, da Minas onde abri os olhos —

terra, terra minha — por que me lançaste

assim, nu, ao vento do desespero?

Um hausto profundo traga-me a voz;

assim, as palavras que a boca não grita,

escoam-me dos dedos — eu escrevo!

[Eu sei que sou fraco,

mas sou irremitente]

... ...

[Penas do Desterro, 12 de fevereiro de 1999 a 31 julho de 2011]

Excerto do Caderno 1 -

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 31/07/2011
Reeditado em 08/09/2011
Código do texto: T3129656
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.