Como o poeta vê as palavras
Amo tanto as palavras, que tanto as devo.
As devo os únicos momentos de paz que encontro
Quando permito desabitar-me para imergir
Nesse universo amplo, desconhecido
Mas incrivelmente deleitoso
Onde, e somente onde, encontro sossêgo
E espaço para ser quem sou;
Sem medo de espalhar ou me ajuntar demais.
Porque não sou eu quem vou em busca das palavras
Elas sempre estão aí e são para todos os que delas precisam
Nada de buscas, as palavras te encontram com uma
Imperatividade quase potestativa,
Surrateando todas as suas formas de resistência.
E de alento e único consolo,
O que te resta é escrever
Que dádiva então!
Se és escolhido por elas, as palavras,
Achastes lugar em meio à sequidão,
Diante do que os lábios não são capazes de expressar;
Teus dedos agora são os pincéis que darão realidade
E dinamismo as palavras.
E no final terás um lindo quadro à apresentar, chamado vida!
Eis a realidade das palavras: vida, em sentido "latu"!
Porque vida é tudo que nos traz fôlego, é tudo aquilo
Que nos faz respirar.
O ar do poeta é a palavra e sua transpiração é o versar!