Cantos translúcidos

Vida sem rima

é vida sem rumo

temendo a estima

de todo esforço ser um demo

sem produção

assim acre, ocre, siena

incertamente sei

por onde caminho

no exterior

apoiado na frágil haste

das reminicências

das águas barrentas

da fome que venta

no ventre que inventa

mais uma vida

comovida

qualquer que seja

tal qual morte benfazeja

Minha saudade

— não sei se de outra encarnação —

bate como martelo

em minha caixa de ressonância

acho que é ânsia...

é ânsia...

Me confundo e afundo

pensando ser profundo

o mar em que me atolei

E eu que sei?

Se é que sei

É por aí que vou

Sabotando bússolas rapaces

seguindo minha indefinida voz

com a certeza de um instinto

ser mais um extinto

tão exato

como é minha momentânea ilusão

Cuspo fogo sobre as brasas do teu abraço

É a única coisa que faço

Antes que o abandono ao acaso

travestido de tempo

disfarce o contento que é o esquecer

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 07/12/2006
Código do texto: T311815