Moça de sorriso aberto...

Moça de sorriso aberto...

De sentimentos secretos...

De lágrimas cheias,

De vontade latente de encontrar intensamente...

O cenário dos sonhos, aquele, que outrora fora esquecido no inconsciente.

Mas que hoje é pólvora, queima a carne, dilacera o coração que foi costurado à mão.

Moça de sorriso aberto...

Que não desiste do simples, é forte, é guerreira.

Caminha nas ruas como se nunca houvesse sofrido ou chorado,

Talvez por isso ninguém perceba tamanha urgência.

Ela assusta, tem ar de mistério, respira o tédio sem remédio...

E ainda sorri encantando aos que com alma sensível a sentem por dentro.

Moça de sorriso aberto...

Faz do seu hall estar seu cúmplice andarilhando tudo...

Do coração dos que a amam... Ao chão dos cachorros sujos da rua.

Do seu cordão de jade, fez seu amuleto,

Da sua boina fez seu chapéu de época,

Transcende a moda que se especula em cada esquina, em cada loja.

Moça de sorriso aberto...

Do ego ferido bordado com pano de chita...

Que ilumina sua pele branca tatuada,

Exalando escancaradamente sua falsa brandura.

Mas é persistente e não dá guarida para o preto e o cinza.

O tempo pode fechar, mas seu coração é como mar aberto...

Recebe o sol dourado deixando-o impregnar todo seu interno.

Moça de sorriso aberto...

É mulher, mais insiste em continuar menina...

Vive com a rima na ponta da língua...

Às vezes fica triste por não encontrar a meninice no seu dia-a-dia, na sua rotina.

Exala naturalmente toda sua feminilidade,

Ainda assim é casta e mantém a pureza no olhar sem maldade...

Ansiando brincar, conviver com o simples que muitos não enxergam e não acham atraente.

Seu prazer é o de correr na chuva...

Sentir o sol revigorando, dando nova têmpera a sua alma...

Paquerar a lua ouvindo música com uma taça de vinho...

Podar suas plantas e vibrar, quando a mesma, está a desabrochar.

Tem dias que, por ironia, tudo muda, deixando seu riso mudo no viaduto...

A chuva vira pedra,

O sol cega sua retina,

A lua vira puta,

As plantas, coitadas, por tanta inveja alheia da sua vivacidade e energia, murcham.

Camila Senna
Enviado por Camila Senna em 21/07/2011
Reeditado em 21/07/2011
Código do texto: T3108448
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