NÃO DOBRE O VENTO A ESQUINA
Que se faça silêncio,
há uma flor em pleno brotar
no jardim do poeta
cujo coração é tão límpido
quanto a água mais cristalina,
mas que se transforma,
de forma mágica, numa espada
do mais puro e rígido aço
diante do horror das injustiças
Quietos, por favor, nenhuma
folha se mexa nas árvores,
silenciem até as folhas de papel,
digam "psiu" aos raios solares
para que brilhem em silêncio,
recolham os risos ao coração,
não beijem rosas os beija-flores,
há um poeta extasiado e sonhador
namorando flores em botão
Atentem à quietude, à calma,
não permitam o soprar da brisa,
o sussurrar das borboletas,
os gorjeios dos pássaros,
não dobre a esquina o vento,
não marulhe o afoito oceano,
se outono, não caiam folhas,
contenham o pipilar de filhotes,
sufoquem as notas musicais,
um poeta tenta ser feliz.