NÃO DOBRE O VENTO A ESQUINA

Que se faça silêncio,

há uma flor em pleno brotar

no jardim do poeta

cujo coração é tão límpido

quanto a água mais cristalina,

mas que se transforma,

de forma mágica, numa espada

do mais puro e rígido aço

diante do horror das injustiças

Quietos, por favor, nenhuma

folha se mexa nas árvores,

silenciem até as folhas de papel,

digam "psiu" aos raios solares

para que brilhem em silêncio,

recolham os risos ao coração,

não beijem rosas os beija-flores,

há um poeta extasiado e sonhador

namorando flores em botão

Atentem à quietude, à calma,

não permitam o soprar da brisa,

o sussurrar das borboletas,

os gorjeios dos pássaros,

não dobre a esquina o vento,

não marulhe o afoito oceano,

se outono, não caiam folhas,

contenham o pipilar de filhotes,

sufoquem as notas musicais,

um poeta tenta ser feliz.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 21/07/2011
Código do texto: T3108417
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